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Instalação do Gentoo a partir do Live-CD

Introdução

Chamado de “Slackware para donas de casa” e, pior ainda, “Slackware para donas de casa com tempo sobrando”, o Gentoo foi criado pelo americano Daniel Robbins, contribuidor assíduo e de longa data do IBM developerWorks e ex-desenvolvedor do FreeBSD. O nome da distro remete à espécie de pinguim Pygoscelis papua, a mais veloz nadadora de todas, cujo nome vulgar em inglês é Gentoo penguin.

Com o objetivo de integrar tecnologias interessantes do FreeBSD ao GNU/Linux, principalmente o sistema de pacotes Ports, o Gentoo acabou tornando-se uma meta-distribuição — isto é, um conjunto de softwares adequados à criação de distribuições GNU/Linux. Por realizar a compilação de todos os pacotes com os parâmetros desejados no GCC — leia-se otimizações específicas para o processador em uso — acreditava-se que o Gentoo seria capaz de superar a velocidade de todas as demais distribuições GNU/Linux, o que nem sempre se confirma.

Quando alcançou a qualidade necessária para dispor de um público mais numeroso (por volta de 2004), o Gentoo chegou a desfrutar de um intenso crescimento com relação a sua base instalada — conforme noticiou a NetCraft com relação a servidores web.

“Quando comecei a usar o Gentoo, em 2003, ele tinha poucos usuários, mas sua comunidade era verdadeiramente empenhada em promover a distribuição. Devido à necessidade de administrar o sistema no baixo nível e com auxílio da excelente documentação, posso dizer que boa parte do que eu sei sobre GNU/Linux aprendi com o simples uso do Gentoo.” (HESS, 2011)

A notícia de 2011 sobre o abandono da documentação em português foi o um golpe duro para a manutenção da popularidade da distribuição no Brasil. Gentoo tem a fama de não ser uma distribuição para iniciantes, que, no entanto, traz muito bons resultados em servidores, que felizmente não chega a ter problemas com a falta de documentação em português por se tratar de um público menos dependente de questões idiomáticas.

Pré Instalação

Planejamento

O planejamento da instalação de qualquer sistema é primordial para antever problemas, minimizar eventuais dificuldades, para tanto na Tabela 1 a seguir sumariza os detalhes da instalação a ser realizada.

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ItemValor
DistribuiçãoGentoo
Versãon/a
ArquiteturaAMD64
RAM1 GB
VídeoGenérico
Memória de vídeo128 MB
Discos1
Tamanho58 GB
Partição 1Primária /boot 1G bootável
Partição 2Primária /var 2G
Partição 3Primária / 53G
Partição 4Primária swap 2G
Tabela 1: Resumo do plano de instalação

Duas são as formas mais comuns de instalação do Gentoo: 1- a partir de um CD mínimo de instalação; 2- a partir de um LiveDVD. O segundo método traz a vantagem de se dispor de um computador operacional enquanto se efetua a instalação, por isso será a base deste texto.

Execução do Live

Inicialmente baixar o LiveDVD do Gentoo no URL <https://www.gentoo.org/downloads/> e depois grava-lo na mídia adequada. Por se tratar de um arquivo muito grande (mais de 2 G bytes), mesmo com conexão banda larga este download pode ser uma operação bastante demorada, talvez mais de uma dezena de horas. Por outro lado, qualquer Live possibilita a instalação, não só o LiveDVD do Gentoo.

Inserir a mídia no leitor e energizar (ou reinicializar) o sistema de forma que o Live seja executado. Pode ser necessário alterar configurações no setup da máquina para que a partida se dê do leitor de mídias óptica (ou equivalente).

Particionamento

Ainda como um preparo à instalação efetua-se o particionamento do disco. Como todo LiveCD/DVD tem disponível uma ferramenta de particionamento utilizar aquela que estiver disponível, seguir o plano de instalação para particionar o disco presente no sistema.

DeviceBootStartEndSectorSizeIDType 
/dev/sda1*2048209919920971521G83Linux
/dev/sda22099200629350341943042G83Linux
/dev/sda3629350411744255911114905653G83Linux
/dev/sda411744256012163481541922562G82Linux swap / Solaris
Listagem 1: Relatório de particionamento

A seguir efetuar a formatação e montagem das partições como segue no código abaixo.

Código  1: Sequência de preparo e montagem de file-systems

# mke2fs -v -c -t ext4 -L root /dev/sda3
# mkdir /mnt/gentoo
# mount /dev/sda3 /mnt/gentoo
# mke2fs -v -c -t ext3 -L boot /dev/sda1
# mkdir /mnt/gentoo/boot
# mount /dev/sda1 /mnt/gentoo/boot
# mke2fs -v -c -t ext4 -L var /dev/sda2
# mkdir /mnt/gentoo/var
# mount /dev/sda2 /mnt/gentoo/var
# mkswap -c /dev/sda4
# swapon /dev/sda4

Na presente situação a máquina conta com sistemas de arquivo funcionais, onde serão gravados os componentes do Gentoo.

Fazer corrente o caminho /mnt/gentoo (cd /mnt/gentoo).

Efetuar o download do stage3 e do portage disponíveis para a arquitetura da máquina.

Para determinar o URL para o download do stage3, de onde será efetuado o wget é necessário navegar com o browser do LiveCD ao URL <https://www.gentoo.org/downloads/> e copiar o endereço do stage3 (na época da redação deste texto:  <http://distfiles.gentoo.org/releases/ amd64/autobuilds/20181111T214502Z/stage3-amd64-20181111T214502Z.tar.xz>). Ou então executar o Código 2 a seguir, o qual efetua o download do stage3 em sua última versão.

Código  2: Comandos para download da última versão do Gentoo

wget "http://distfiles.gentoo.org/releases/amd64/autobuilds/latest-stage3-amd64.txt"
export CORRENTE=$(tail -1 latest-stage3-amd64.txt | cut -d " " -f "1")
export STAGE3=$(echo ${CORRENTE} | cut -d "/" -f "2")
wget "http://distfiles.gentoo.org/releases/amd64/autobuilds/${CORRENTE}"
rm -f latest-stage3-amd64.txt

O próximo passo é efetuar o download do portage que pode ser obtido no URL <http://distfiles.gentoo.org/releases/snapshots/portage-latest.tar.bz2>. Para tanto utilizar o Código 3 a seguir.

Código  3: Comando para download do portage

wget "http://distfiles.gentoo.org/snapshots/portage-latest.tar.bz2"

Com a “matéria prima” em mãos, desempacotar o stage3 e o portage com os seguintes comandos, exatamente como mostrados no Código 4.

Código 4: Desempacotamento do stage3 e do portage

# mkdir current-stage3
# mv ${STAGE3} current-stage3
# tar xpf current-stage3/${STAGE3}
# tar -jxpvf portage-latest.tar.bz2 -C /mnt/gentoo/usr

Obs.: o nome do arquivo compactado do stage3, ainda deve estar disponível na variável $STAGE3, portanto, o comando pode ser alterado para: tar xpf $STAGE3 evitando dificuldades com a determinação do nome do compactado do stage3.

A seguir é necessário criar o ambiente para a instalação poder ser efetuada. Os pontos de montagem /proc//sys/, e /dev/ serão montados com os comandos do Código 5 abaixo, sendo que a cópia de resolv.conf faz com que não se perca a capacidade de navegação na Internet.

Código  5: Comandos de montagem de ambiente

# cp -L /etc/resolv.conf /mnt/gentoo/etc/
# mount -t proc proc /mnt/gentoo/proc
# mount --rbind /sys /mnt/gentoo/sys
# mount --rbind /dev /mnt/gentoo/dev

Para o uso do systemd é necessário executar os comandos do Código 6 a seguir.

Código  6: Pontos de montagem para uso do systemd

# mount --make-rslave /mnt/gentoo/sys
# mount --make-rslave /mnt/gentoo/dev

Os comandos do Código 7 permitem que se passe a operar no novo ambiente em que será instalado o Gentoo.

Código  7: Comando de ingresso ao novo ambiente

# chroot /mnt/gentoo /bin/bash
# source /etc/profile
# export PS1="(chroot) $PS1"

Depois seleciona-se o perfil a ser empregado ao sistema predefinindo uma série de opções de compilação, isto é feito com o uso dos comandos do Código 8.

Código  8: Sequência de seleção de perfil do sistema

# eselect profile list
# eselect profile set 12

Obs.: utilize o número do profile escolhido no comando acima

A seleção de perfil requer alguma familiaridade com o Gentoo, mas para uma orientação superficial deve-se ter em mente:

  • Não selecionar perfis terminados por números ímpares (por exemplo 17.1);
  • Selecionar uma opção com systemd se for usá-lo;
  • Para segurança reforçada selecionar hardened;
  • Para sistemas 64 bits puros (sem bibliotecas 32 bits) selecionar no-multilib;
  • Para utilizar gnome selecionar desktop/gnome;
  • Para utilizar kde selecionar desktop/plasma.

A seleção de idioma deve ser realizada pela adição no arquivo /etc/locale.gen das indicações de idioma e encoding de caracteres, vide Código 9.

Código  9: Configuração de idioma do sistema

# echo "pt_BR.UTF-8 UTF-8" >> /etc/locale.gen
# echo "pt_BR ISO-8859-1"  >> /etc/locale.gen
# nano /etc/env.d/02locale

Digitar o conteúdo da Listagem 2 no arquivo 02locale.

Listagem 2: Conteúdo do arquivo 02locale

LANG="pt_BR.UTF-8"
LC_COLLATE="C"

Neste ponto deve-se atualizar o ambiente com os ajustes recém efetuados até o momento.

Código  10: Sequência de atualização de ambiente

# env-update && source /etc/profile 
# locale-gen
# export PS1="(chroot) $PS1"

Editar o arquivo make.conf (/etc/portage/make.conf) que ‘controla’ a compilação pelo portage. A leitura do segmento sobre o make.conf da wiki do Gentoo (<https://wiki.gentoo.org/wiki//etc/portage/make.conf>) é altamente recomendada.

A Listagem 3 traz a sugestão de conteúdo para o arquivo dadas por “eu20noel” (<https://www.vivaolinux.com.br/~eu20noel>) usuário do Viva-o-Linux, disponível em <https://www.vivaolinux.com.br/artigo/Instalando-o-Gentoo-2018?pagina=2> com acesso realizado em 14/nov./2018.

Listagem 3: Sugestão de conteúdo para make.conf

CFLAGS="-march=native -fomit-frame-pointer -O2 -pipe"
CXXFLAGS="${CFLAGS}"
CHOST="x86_64-pc-linux-gnu"
FEATURES="ccache parallel-fetch parallel-install sandbox"
ACCEPT_KEYWORDS="amd64" 
MAKEOPTS="-s -j5" #número de nucleos +1, se tem quatro núcleos vira 5
ACCEPT_LICENSE="*" #aceitar automaticamente as licenças
AUTOCLEAN="yes" #limpar automaticamente

GENTOO_MIRRORS="http://gentoo.c3sl.ufpr.br/ http://gentoo.lcc.ufmg.br"

INPUT_DEVICES="evdev keyboard synaptics mouse"
VIDEO_CARDS="amdgpu radeonsi" #se usa intel, troque por intel, ou nvidia etc.
AUDIO_CARDS="intel" #troque pela sua placa de áudio

USE="xft -gpm" #aqui você coloca as flags globais que você deseja ou não na compilação dos pacotes

EMERGE_DEFAULT_OPTS="--ask --jobs=5 --load-average=5 --autounmask-write=y --with-bdeps=y --quiet-build=y --keep-going=y" #instruções extras para compilação
CCACHE_DIR="/var/tmp/ccache"
CCACHE_SIZE="2G"

LINGUAS="pt_BR" #pacotes compilados para o português Brasil

Efetuar a sincronização da árvore do portage, e a seguir a atualização do sistema, como mostrado no Código 11.

Código  11: Sequência de atualização do sistema

# emerge --sync
# emerge -auDNtv @world

Obs.: esta é uma operação demorada

Instalação

Pré-instalação concluída, inicia a compilação do kernel com o uso da ferramenta genkernel. Será utilizada a ferramenta pois admite-se que aqueles que já sabem instalar o Gentoo, não necessitam deste texto.

Baixar os códigos fonte do kernel

Com o Código 12 os códigos fonte serão baixados.

Código  12: Comando para baixar código fonte do kernel

# emerge -av sys-kernel/gentoo-sources

Com o Código 13 é possível baixar o genkernel, que se encarregará de fazer a maior parte do trabalho.

Código  13: Download do genkernel

# emerge --autounmask -av genkernel

Compilação do kernel

Inicie a execução do genkernel com o comando mostrado no Código 14.

Código  14: Disparo da execução do genkernel

# genkernel --menuconfig --install all

Obs.: Esta é a etapa mais demorada do processo, podendo levar algumas horas.

Ao iniciar a execução genkernel apresenta um completo menu de opções de compilação e inclusão de módulos e opções, como mostra a Figura 1.

Figura 1: Menu de configuração de kernel do genkernel
Figura 1: Menu de configuração de kernel do genkernel

Após a compilação algumas configurações básicas devem ser feitas.

Configuração FSTAB

fstab (File System Table) localiza-se dentro do /etc. É um importante arquivo de configuração do GNU/Linux. Ele é lido na inicialização do sistema e é ele que diz ao sistema o que montar, onde montar e os parâmetros de montagem.

Outras utilizações da fstab são definir quem (usuário) pode montar drives (fd0cdrom) e facilitar a montagem de drives mapeados ou de outras partições no disco.

Cada linha do arquivo se refere a montagem de um dispositivo ou uma partição e é formada por seis (06) colunas, sendo:

ColunaFunção
1Partição ou dispositivo a ser montado
2Ponto de montagem
3Tipo de sistema de arquivos
4Opções de montagem
5Opção de DUMP do sistema para back-up
6Prioridade de verificação
Tabela 2: Função das colunas de fstab

 Editar o arquivo /etc/fstab deforma que seu conteúdo fique semelhante ao mostrado na Listagem 4.

/dev/cdrom/mnt/cdromautonoauto,ro00
/dev/sda3/ext4noatime01
LABEL=boot/bootext3noatime02
LABEL=var/varext4noatime02
/dev/sda4noneswapsw00
Listagem 4: Conteúdo da fstab

Denominação de rede da máquina

Editar o arquivo /etc/conf.d/hostname colocando o nome desejado para que a máquina seja conhecida na rede, por exemplo como mostra a Listagem 5.

Listagem 5: Conteúdo do arquivo hostname

# Set to the hostname of this machine
hostname="gentoo"

Seleção de horário do sistema

Editar o arquivo /etc/conf.d/hwclock para informar o modo de funcionamento do mesmo entre local ou UTC. A Listagem 6 exemplifica isso.

Listagem 6: Configuração de modo de horário

# Set CLOCK t "UTC" if your hardware clock is set to UTC (also know as
# Greenwich Mean Time). If that clock is set to the local time, then
# set CLOCK to "local". Note that is you dual boot with Windows, then
# you should set it to "local".
clock="local"
# If you want the hwclock script to set the system time (software clock)
# to match the current hardware clock during bootup, leave this
# commented out.
# However, you can set this to "NO" if you are running a modern kernel
# and using NTP to synchronize your system clock.
#clock_hctosys="YES"
# If you do not want to set the hardware clock to the current system
# time (software clock) during shutdown, set this to no.
#clock_systohc="YES"

# If you whish to pass any other arguments to hwclock during bootup,
# you may do so here. Alpha users may wish to use --arc or --srm here.
clock_args=""

Configuração de layout de teclado

Editar o arquivo /etc/conf.d/keymaps para determinar a disposição de teclas do teclado, mudando o conteúdo da linha keymap=”us” para como mostra a Listagem 7.

Listagem 7: Conteúdo do arquivo keymaps

# Use keymap to specify the default console keymap. There is a complete
# tree of keypams in /usr/share/keymaps to choose from.
keymap="br-abnt2"

Configuração de fuso horário

A configuração de fuso horário se dá pela cópia de um dos arquivos presente na árvore /usr/share/zoneinfo para o diretório /etc com o nome localtime, como exemplificado no Código 15.

Código  15: Procedimento de ajuste de fuso horário

cp /usr/share/zoneinfo/America/Sao_Paulo /etc/localtime

Pacote adicionais

Existem alguns pacotes importantes de serem adicionados à instalação do Gentoo, são eles:

  • sysklogd Daemon do sistema de log
  • cronie Daemon de agendamento de tarefas (cron)
  • dhcpcd Daemon do cliente DHCP

Particularmente nesta instalação exemplo será usado IP fixo (192.168.0.6), o que permitiria a dispensa da instalação do dhcpcd.

Instalar os pacotes sugeridos conforme o mostra o Código 16 a seguir.

Código  16: Instalação de pacotes

# emerge -av app-admin/sysklogd
# emerge -av sys-process/cronie
# emerge -av net-misc/dhcpcd

Após a instalação é necessário ajustar a execução dos mesmos na inicialização do sistema como o Código 17 ilustra.

Código  17: Ativação de daemons no boot

# rc-update add sysklogd default
# rc-update add cronie default
# rc-update add dhcpcd default

Linux-Firmware

O Código 18 mostra o comando para instalar o Linux-firmware

Código  18: Instalação do linux-firmware

# emerge -av linux-firmware

Instalação do Grub

O Código 19 mostra a instalação e configuração do gerenciador de boot grub

Código  19: Sequência de instalação e configuração do grub

# emerge -av sys-boot/grub
# grub-install /dev/sda
# grub-install --target=x86_64-efi --efi-directory=/boot
# grub-mkconfig -o /boot/grub/grub.cfg

Obs.: A linha grub-install –target=x86_64-efi –efi-directory=/boot só é usada em sistemas com uefi

Como última configuração é necessário criar a senha de root para elevar o nível de segurança do sistema com o comando passwd.

Reinicialização

Feito isso é necessário desmontar os pontos montados e reinicializar o novo sistema operacional a partir do disco rígido onde foi instalado. Para tanto durante o reboot retire a mídia do LiveDVD do leitor. O Código 20 demonstra a sequência a ser realizada.

Código  20: Sequência de finalização e reboot do sistema

# exit
# cd
# umount -l /mnt/gentoo/dev{/shm,/pts,}
# umount -R /mnt/gentoo
# umount /mnt/cdrom
# reboot

Após a reinicialização recebe-se a tela de seleção de sistema operacional para ser executado, como ilustra a Figura 2.

Figura 2: Menu de boot do grub
Figura 2: Menu de boot do grub

Então recebe-se a solicitação de login do Gentoo, conforme a Figura 3.

Figura 3: Login do gentoo
Figura 3: Login do gentoo

Pós-instalação

O primeiro ato depois de logado à nova instalação do Gentoo deve ser atualizado como mostrado no Código 21 a seguir, primeiro promovendo a sincronização e então a atualização.

Código  21: Sequência de atualização do Gentoo

# emerge --sync	
# emerge --update --deep --with-bdeps=y --newuse @world

Obs.: Esta atualização pode ser muito demorada.

A seguir algumas ações a serem tomadas envolvem configurar a operação da interface de rede em modo IP fixo (192.168.0.6 é o IP designado para esta máquina), adicionar um usuário para atividades administrativas (administrator), e preparar o sistema de arquivos para trabalhar em grupos.

Configuração de IP Fixo

Configurar a interface de rede para operar com IP Fixo inicia com a criação de um link simbólico entre o arquivo net.lo (/etc/init.d/net.lo) e um arquivo denominado também net, no entanto, terminado com o nome da interface sendo configurada como mostra o Código 22.

Código  22: Criação do controle de interface

# cd /etc/init.d
# ln -s net.lo net.enp0s3

A seguir no diretório /etc/conf.d o arquivo net deve ser criado (ou editado) parametrizando IP máscara e rota das interfaces configuradas como mostram as Listagens 8 e 9.

Listagem 8: Configuração usando a notação CIDR

# Para IP estático usando notação CIDR
config_enp0s3=("192.168.0.6/24")
routes_enp0s3=("default via 192.168.0.1")

Listagem 9: Configuração usando notação netmask

# Para IP estático usando notação netmask
config_enp0s3=("192.168.0.6 netmask 255.255.255.0")
routes_enp0s3=("default gw 192.168.0.1")

Obs.: a conexão se faz pela extensão do arquivo net com os finais dos nomes dos parâmetros.

Os comandos do Código 23 ativam e desativam a interface de rede.

Código  23: Comandos de ativar e desativa a interface de rede

# /etc/init.d/net.enp0s3 start
# /etc/init.d/net.enp0s3 stop

O Código 24 mostra como colocar a ativação na inicialização do sistema.

Código  24: comando de inserção da ativação na inicialização

# rc-update add net.enp0s3 default

Durante a resolução de problemas de rede, é recomendável configurar o arquivo /etc/conf.d/rc com RC_VERBOSE=”yes”, para obter mais informações sobre eventuais problemas.

Ajustes de inicialização de sessão

Editar o arquivo /etc/skel/.bashrc e próximo a seu final acrescente a linha mostrada no Código 25 a seguir.

Código  25: Alias adicional para /etc/skel/bashrc

alias ll="ls -lAF"

Adição de usuário para funções administrativas

Para adicionar usuários no Gentoo há o comando useradd que deve ser utilizado como exemplificado no Código 26.

Código  26: Adição de usuário com home, grupos e shell

# useradd -m -G users,wheel -s /bin/bash administrator

Para incluir usuários a grupos deve-se editar o arquivo /etc/group.

Ajustes no FS para operação em equipes

Editar o arquivo /etc/profile e alterar o valor de umask de 022 para 002. Editar também o arquivo /etc/logins.defs e efetuar a mesma alteração.

Administrar os direitos de acesso da árvore de diretórios /home conforme a sequência mostrada no Código 27.

Código  27: Administração do FS para trabalho em equipes

# chmod -R g+rw /home/*
# find /home -type d | xargs chmod g+swr

Instalação de acessórios administrativos

Algumas ferramentas administrativas são extremamente úteis e para instalá-las e removê-las utiliza-se o emerge, ferramenta do portage para gerenciar programas no sistema.

Código  28: Sequência de busca e instalação de aplicações

# emerge -S nome-do-programa (procura o programa)
# emerge -av nome-do-programa (instala o programa)

Na Listagem 10 a seguir está uma lista de sugestões a serem instaladas se desejado.

sudoSuperuser Do
vimEditor de textos
sshAcesso remoto por security shell
treeExibidor de árvores de diretórios
gentoolkitConjunto de ferramentas administrativas
pciutilsAplicação de exploração dos barramentos PCI
Listagem 10: Relação de programas sugeridos para instalação

sudo

O pacote do sudo é instalado com o comando emerge. Para determinar o nome correto do pacote a ser instalado utiliza-se o emerge com a opção -S, como exemplificados no Código 29.

Código  29: Sequência de busca e instalação do comando sudo

# emerge -S sudo | less
# emerge -av app-admin/sudo

O resultado correto para a busca pelo sudo é mostrado na Listagem 11.

Listagem 11: Resultado para a busca pelo pacote sudo

*  app-admin/sudo
      Latest version available: 1.8.25_p1-r1
      Latest version installed: [ Not Installed ]
      Size of files: 3.116 KiB
      Homepage:      https://www.sudo.ws/
      Description:   Allows users or groups to run commands as other users
      License:       ISC BSD

Algumas medidas complementares devem ser adotadas, criar o grupo sudo e neste grupo adicionar os usuários administrativos devidos, como mostra a sequência de comandos no Código 30.

Código  30: Sequência complementar a instalação do sudo

# groupadd sudo
# nano /etc/group

Obs.: Com o nano adicionar o usuário administrator ao grupo sudo.

vim

O editor de texto VI-Improved pode ser instalado da mesma forma que foi o sudo, primeiro procurando o pacote devido e em seguida a própria instalação, como mostra o Código 31 onde se destaca o resultado correto da busca de pacote

Código  31: Sequência de instalação do editor vi

# emerge -S vim | less
*  app-editors/vim
      Latest version available: 8.0.1298
      Latest version installed: [ Not Installed ]
      Size of files: 13.084 KiB
      Homepage:      https://vim.sourceforge.io/ https://github.com/vim/vim
      Description:   Vim, an improved vi-style text editor
      License:       vim

# emerge -av app-editors/vim

ssh

O Secure Shell é um programa terminal criptografado que substitui o telnet e que por padrão é instalado junto com o Gentoo, mas que não é disparado automaticamente na inicialização.

Código  32: Sequência de inicialização automática do sshd

# rc-update add sshd default

Listagem 12: Informações sobre o openssh instalado com o Gentoo

*  net-misc/openssh
      Latest version available: 7.7_p1-r9
      Latest version installed: 7.7_p1-r9
      Size of files: 1.519 KiB
      Homepage:      https://www.openssh.com/
      Description:   Port of OpenBSD's free SSH release
      License:       BSD GLP-2

tree

O editor de texto VI-Improved pode ser instalado da mesma forma que foi o sudo, primeiro procurando o pacote devido e em seguida a própria instalação, como mostra o Código 33 onde se destaca o resultado correto da busca de pacote

Código  33: Sequência de instalação do comando tree

# emerge -S tree | less
*  app-text/tree
      Latest version available: 1.7.0
      Latest version installed: [ Not Installed ]
      Size of files: 46 KiB
      Homepage:      https://mama.indstate.edu/users/ice/tree/
      Description:  List directories recursively, and produces an indented listing of files
      License:       GPL-2

# emerge -av app-text/tree

gentoolkit

A coleção de ferramentas administrativas para o Gentoo é instalada da mesma forma, primeiro procurando o pacote devido e em seguida efetuando a própria instalação, como mostra o Código 34 onde se destaca o resultado correto da busca de pacote

Código  34: Sequência de instalação do gentoolkit

# emerge -S gentoolkit | less
*  app-portage/gentoolkit
      Latest version available: 0.4.2-r1
      Latest version installed: 0.4.2-r1
      Size of files: 3.141 KiB
      Homepage:      https://wiki.gentoo.org/wiki/Project:Portage-Tools
      Description:   Collection of administration scripts for Gentoo
      License:       GLP-2

# emerge -av app-portage/gentoolkit

pciutils

Uma coleção de utilitários que lidam com barramento PCI é instalada como as demais acima, como mostra o Código 35 onde se destaca o resultado da busca de pacote

Código  35: Sequência de instalação do pciutils

# emerge -S pciutils | less
*  sys-apps/pcutils
      Latest version available: 3.5.6
      Latest version installed: 3.5.6
      Size of files: 432 KiB
      Homepage: http://mj.ucw.cz/sw/pciutils/ 
 https://git.kernel.org/?p=utils/pciutils/pciutils.git
      Description:   Various utilities dealing with the PCI bus
      License:       GLP-2

# emerge -av sys-apps/pciutils

Conclusão

Com uma instalação no mínimo trabalhosa, o Gentoo exige um nível mediano de conhecimento por parte do operador, que pelo menos tem de ter claro como obter informações, para apoiar algumas tomadas de decisão a serem feitas no correr do processo de instalação.

Referências

eu20noel. Instalando o Gentoo 2018. Disponível em <https://www.vivaolinux.com.br/artigo/Instalando-o-Gentoo-2018?pagina=1>, acesso em 16/nov./2018

HESS, Pablo. Gentoo uma ótima distribuição em queda. Blog do developerWorks, 2011. Disponível em <https://www.ibm.com/developerworks/community/blogs/752a690f-8e93-4948-b7a3-c060117e8665/entry/gentoo_uma_otima_distribuicao_em_queda?lang=en_us>, acesso em 10/nov./2018

Gentoo Foundation Inc. Gentoo AMD64 Handbook – Gentoo Wiki. Disponível em <https://wiki.gentoo.org/wiki/Handbook:AMD64/pt-br>, acesso em 1º/nov./2018

Gentoo Foundation Inc. Handbook:AMD64/Portage/Tools. Disponível em <https://wiki.gentoo.org/wiki/Handbook:AMD64/Portage/Tools>, acesso em 17/nov./2018

SIMIONI, Dionatan. Aprenda a INSTALAR e CONFIGURAR o GENTOO Linux. Disponível em <https://www.diolinux.com.br/2017/07/aprenda-instalar-e-configurar-o-gentoo.html>, acesso em 16/out./2018

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