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Instalação do openSUSE com pós instalação mínima

Introdução

O openSUSE é uma distribuição GNU[1]/Linux[2] de uso geral, compilada para as arquiteturas Intel x86 e x86_64, desenvolvido pela comunidade openSUSE de forma gratuita com patrocínio da Novell.

Em janeiro de 2004 a americana Novell adquiriu o SUSE Linux, cuja história se iniciou em março de 1994. A versão inicial do SUSE da Novell foi uma versão teste o SUSE Linux 10.0 a partir da versão 10.2 a distribuição foi oficialmente renomeada para openSUSE.

O openSUSE é completo e livremente disponível para download, e vendido como DVD-Box para o público em geral. Para download, é possível escolher entre baixar o DVD de 4.7 GB (com uma grande coleção de pacotes), ou usar a edição mínima que se conecta à Internet para baixar o software que o usuário selecionar.

Os pacotes de software do openSUSE são geridos com o zypper que é o gerenciador de pacotes por linha de comando do OpenSUSE. Seu funcionamento é como o apt-get do Debian, ou seja, providencia funções de acesso a repositórios resolução de dependências entre pacotes, instalação de pacotes, etc.

A sua versão estável corrente foi lançada em 25 de maio de 2018 é o openSUSE Leap 15, que terá suporte até novembro de 2019.

Os requisitos de sistema são:

  • Processador Dual Core 2GHz ou melhor;
  • RAM mínima de 1Gbytes, recomendado 2Gbytes;
  • Espaço livre de 40Gbytes no disco
  • Unidade de DVD ou porta USB para mídia de instalação
  • Para instalação via rede, acesso à Internet é obrigatório.

O site oficial do open SUSE é <https://www.opensuse.org/>. A documentação completa do openSUSE, pode ser acessada pelo URL <https://doc.opensuse.org/>.

Instalação

Toda instalação pode ser dividida em três períodos, antes, durante e depois da instalação.

O antes inclui definir a distribuição a utilizar, criar o plano de instalação, obter a distribuição, ultimar preparativos da instalação.

A própria instalação, ou o durante, consiste em algumas, ou muitas, operações que visam particionar e formatar discos rígidos, transferir a imagem do sistema para o disco, efetuar configurações básicas.

O depois pode ser resumido a fazer ajustes conforme necessidades específicas de aplicação, instalar pacotes adicionais e efetuar configurações mais detalhadas.

Para elaboração deste texto teremos como objetivo instalar o openSUSE Leap 15.0.

Pré-instalação

No URL <https://download.opensuse.org/distribution/leap/15.0/iso/openSUSE-Leap-15.0-DVD-x86_64.iso> é possível fazer o download da imagem de DVD (3,64 G ou 3.917.479.936 bytes o que pode consumir horas na transferência).

Esta imagem pode ser gravada em um CD, um DVD, ou um flash drive (pen-drive) para efetuar a instalação. Se seu sistema for um Windows 7, ou mais recente, as mídias ópticas podem ser gravadas sem programas adicionais, já para gravar em flash drives um programa adicional, por exemplo o rufus (download em <https://rufus.akeo.ie/>), ou outro equivalente, será necessário.

O planejamento da instalação envolve determinar o particionamento pretendido das unidades de disco, o padrão de teclado disponível para o console, localização geográfica e fuso horário pretendidos para uso e operação.

A seguir de forma simplificada apresentam-se os itens planejados para esta instalação:

Tabela 1: Plano de instalação simplificado

  1. Função: servidor de rede
  2. Teclado ABNT2
  3. Localização do sistema América do Sul, Brasil, São Paulo
  4. Fuso horário UTC -3:00
  5. Hostname: suse
  6. Domain: n/a
  7. Particionamento do disco de 58G bytes:
  • Partição 1 sda1       primária  500 MB        /boot   ext4        bootable
  • Partição 2 sda2       primária   2,5 GB        /var       ext4
  • Partição 3 sda3       primária     53 GB       /             ext4
  • Partição 4 sda4       primária      2 GB                       swap

Efetuando a instalação

Carregando a mídia com a imagem da distribuição e iniciando o computador será apresentado um menu de seleção de ações, como mostra a Figura 1 a seguir.

Figura 1: Boot do DVD de instalação do openSUSE
Figura 1: Boot do DVD de instalação do openSUSE

As opções de menu do Live CD do openSUSE

Boot from Hard Disk
Installation
Upgrade
More …

F1 Help
F2 Language
F3 Video Mode
F4 Source
F5 Kernel
F6 Driver

As ações de cada opção são:

Boot from Hard Disk executa o sistema do disco rígido de partida da máquina.

Installation executa a instalação padrão do sistema.

Upgrade permite atualizar o sistema.

More … leva a outro menu de opções onde constam:

Recue System inicializa um pequeno sistema Linux em RAM.

Boot Linux System para iniciar outra instalação com problemas de boot.

Check Installation Media efetua a verificação da mídia de instalação.

Memory Test usual no teste de novos módulos de memórias ao instalá-los.

F1 Help reinicializa a máquina que contém a mídia.

F2 Language efetua o ajuste de idioma e layout de teclado.

F3 Video Mode permite selecionar algumas resoluções de vídeo.

F4 Source seleciona a origem do sistema a ser instalado.

F5 Kernel permite desligar o ACPI.

F6 Driver permite atualizar drivers (para máquinas novas).

Nota: A seleção de idioma fornece 62 idiomas diferentes e 41 teclados diferentes

Ajuste o idioma se necessitar e utilizando a segunda opção do menu inicia-se a instalação do openSUSE.

Figura 2: Processo de boot do openSUSE install DVD
Figura 2: Processo de boot do openSUSE install DVD

Configuração de idioma e teclado

A primeira interação com o programa de instalação do openSUSE é para configurar idioma e layout[3] de teclado, e tomar contato com o acordo de licenciamento.

O menu suspenso (adaptação livre do termo inglês drop down boxLanguage contém as traduções nos diversos idiomas suportados (atualmente são suportados 58 idiomas).

Com o menu suspenso Keyboard Layout pode-se selecionar uma entre as 48 diferentes configurações de teclados.

Na caixa de texto Keyboard Text pode-se comprovar se o layout selecionado confere com o teclado em uso.

Com o botão License Translations obtém-se acesso às dezenove (19) traduções do acordo de licença de forma independente do idioma de instalação selecionado.

No fundo à direita da tela estão os botões de ação da instalação: AbortBack; e Next.

A Figura 3 ilustra esta tela de interação.

Figura 3: Configuração de idioma e layout de teclado
Figura 3: Configuração de idioma e layout de teclado

Configuração de interface de usuário

Após selecionar e premer o botão Next, a próxima interação será a da seleção de interface do usuário, como mostrado na Figura 4.

Figura 4: Seleção de interface de usuário
Figura 4: Seleção de interface de usuário

Cinco são as opções de seleção:

  • Desktop with KDE Plasma (Desktop com KDE Plasma)
  • Desktop with GNOME (Desktop com GNOME)
  • Server (Servidor)
  • Transactional Server (Servidor transacional)
  • Custom (Personalizada)

Área de trabalho com KDE Plasma (Desktop with KDE Plasma)

O KDE Plasma é um ambiente gráfico de área de trabalho e o padrão no openSUSE Leap.

Área de trabalho com GNOME (Desktop with GNOME)

O GNOME é um ambiente de área de trabalho gráfica e o padrão no SUSE Linux Enterprise.

Servidor (Server)

A opção Servidor instala um conjunto reduzido de pacotes e oferece uma interface de modo de texto.

Servidor Transacional (Transactional Server)

O servidor transacional usa um sistema de arquivos raiz somente leitura, para fornecer um método alternativo, atômico e automático de atualizar um sistema sem interferir no sistema em execução.

Personalizada (Custom)

A opção Personalizada permite selecionar padrões de software alternativos para personalizar a instalação.

Conforme o plano de instalação a opção Servidor será a mais adequada.

Ainda nesta tela de interação pode-se selecionar os repositórios de software a serem considerados para efeito de atualização e instalação de pacotes do openSUSE.

Premendo o botão Configure Online Repositories ganha-se acesso à lista de repositórios online. Estão disponíveis:

  • Update Repository (Non-Oss)
  • Main Update Repository
  • Main Repository (OSS)
  • Main Repository (NON-OSS)
  • Update Repository (DEBUG)
  • Untested Updates
  • Mains Repository (Sources)
  • Main Repository (DEBUG)

Repositório para atualizações oficiais não livres. Neste repositório encontra-se atualizações de segurança e manutenção para o openSUSE Leap.

A figura 5 ilustra o processo de descoberta de repositórios.

A seguir na Figura 6 estão as opções de repositório a serem selecionados e uma breve descrição, sendo os quatro primeiros altamente recomendáveis, de serem usados para efeito de instalação de pacotes e atualizações de sistema.

Figura 5: Descoberta de repositórios
Figura 5: Descoberta de repositórios
Figura 6: Lista de repositório online
Figura 6: Lista de repositório online

Update Repository (Non-Oss):

Repositório para atualizações oficiais não livres. Neste repositório encontra-se atualizações de segurança e manutenção para o openSUSE Leap.

Main Update Repository

Repositório para atualizações oficiais. Neste repositório encontra-se atualizações de segurança e manutenção para o openSUSE Leap.

Main Repository (OSS)

Repositório principal do openSUSE incluindo apenas software de código livre. Grande repositório de software de código aberto (OSS) do openSUSE Leap, que dá acesso a milhares de pacotes mantidos pela comunidade openSUSE.

Main Repository (NON-OSS)

Repositório de código não aberto para o openSUSE Leap. Repositório oficial do openSUSE Leap para todos os softwares não abertos mantidos pela comunidade openSuse, incluindo o Opera, o Steam e muito mais.

Update Repository (DEBUG)

Repositório de atualização dos pacotes debuginfo do openSUSE Leap. Este repositório é útil para aqueles que querem depurar aplicativos no openSUSE Leap. Apenas para especialistas.

Untested Updates

Repositório de atualizações ainda não testadas. Este repositório contém atualizações de segurança e manutenção que ainda precisam ser testadas por garantia de qualidade. Adicione este repositório somente se você quiser participar do teste de atualizações do openSUSE.

Main Repository (Sources)

Repositório principal do openSUSE (pacotes fonte). Repositório de todos os pacotes fonte no openSUSE Leap. Apenas para especialistas.

Main Repository (DEBUG)

Repositório principal do openSUSE Leap incluindo os pacotes debuginfo. Este repositório é útil para aqueles que querem depurar aplicativos no openSUSE Leap. Apenas para especialistas.

Em seguida o andamento da adição de repositórios selecionados é exibido, como na Figura 7.=

Figura 7: Adicionando repositórios
Figura 7: Adicionando repositórios

Após o retorno da tela de seleção da interface do usuário, premendo o botão Next a próxima interação é relativa ao particionamento de discos, como ilustra a Figura 8.

Figura 8: Tela de particionamento
Figura 8: Tela de particionamento

O disco é analisado e uma sugestão de particionamento é montada, para aceitá-la, prema o botão Next. Para alterar o particionamento proposto, no menu suspenso Expert Partitioner, selecione Start with Current Proposal e em seguida prema o ícone da unidade de disco a ser particionada e a seguir no botão Expert, como mostrado no canto inferior direito na Figura 9.

Figura 9: Particionador de disco
Figura 9: Particionador de disco

Serão mostradas duas opções, selecione Create New Partition Table, a seguir escolher o tipo da nova tabela de partições (MS-DOS (Classic PC Style)) e pressionar o botão Next, em seguida deve-se confirmar a opção de criação da nova tabela de partição.

Com o botão Add é possível criar as partições planejadas no plano de instalação. Após o término com o botão Accept, avança-se no processo, que mostrará um resumo do particionamento.

Figura 10: Sincronização com servidor de horário
Figura 10: Sincronização com servidor de horário

Premendo o botão Next se realiza a sincronização com horário de rede e a seguir é ofertada a tela de seleção de zona de tempo como mostra a Figura 11.

Figura 11: Seleção de Fuso Horário
Figura 11: Seleção de Fuso Horário

Na sequência é apresentada uma tela de criação de conta de usuário, um bom momento para criar um usuário que desempenhará função de administração do sistema posteriormente.

Um resumo dos dados de instalação coletados e das definições de instalação será exibido. Nesta mesma tela estará o botão Install aguardando por autorização para o prosseguimento da instalação.

Depois de autorizado o prosseguimento a instalação correrá sem mais interrupções, assumindo uma série de configurações padrão, até que seja reiniciado e então ocorre o primeiro boot.

Pós-instalação

Como a instalação correu assumindo diversas configurações default, algumas alterações são necessárias.

Após efetuar o primeiro login no sistema como mostrado na Figura 12, inicia-se por promover uma atualização do sistema.

Figura 12: Primeiro login no sistema
Figura 12: Primeiro login no sistema

As atualizações em ambiente de linha de comando podem ser efetuadas com o zypper que é o gerenciador de pacotes nativo do openSUSE.

Os principais comandos do zypper são:

   lr – List all defined repositories
  ref – Refresh all repositories
clean – Clean local caches
   in – Install package
   rm – remove package
   up – Update installed packages
   lu – List update
   lp – List needed patches
  dup – Perform a distribution upgrade
   se – Search for packages
 info – Show full information for specified package

De maneira geral a sequência apontada no Código 1 a seguir faz um bom e completo serviço de atualização da instalação.

Código  1: Sequência de comandos de atualização do sistema
zypper clean
zypper ref
zypper dup

Para renomear o host, deve-se editar o arquivo /etc/hostname. Seu conteúdo seguindo o plano de instalação deve passar a ser suse.

Em seguida editando o arquivo /etc/resolv.conf, pode-se ajustar os servidores de DNS a serem consultados para navegação por nomes na Internet. Seu conteúdo deve ficar semelhante à Listagem 1 a seguir.

Listagem 1: Conteúdo modificado de resolv.conf
nameserver 8.8.8.8
nameserver 8.8.4.4
nameserver 192.168.0.1

Assim temos o sistema minimamente possibilitado a operar.

Temos a seguir algumas possibilidades de configuração pós-instalação que não necessariamente direcionam, ou limitam, a aplicabilidade de um sistema.

  • Endereço IP fixo
  • Pacote adicionais
    • Tree
  • Ajustes no FS para trabalho em equipes

Segue um breve extrato destes ajustes de configuração, no entanto, para todos os efeitos o plano de configuração deveria conter mais algumas informações relacionadas a seguir.

IP Fixo

Com o YaST2 pode-se configurar o IP estático com a sequência apresentada na Figura 13.

Figura 13: Sequência de configuração de IP estático (a)
Figura 13: Sequência de configuração de IP estático (a)
Figura 13: Sequência de configuração de IP estático (b)
Figura 13: Sequência de configuração de IP estático (b)
Figura 13: Sequência de configuração de IP estático (c)
Figura 13: Sequência de configuração de IP estático (c)
Figura 13: Sequência de configuração de IP estático (d)
Figura 13: Sequência de configuração de IP estático (d)
Figura 13: Sequência de configuração de IP estático (e)
Figura 13: Sequência de configuração de IP estático (e)
Figura 13: Sequência de configuração de IP estático (f)
Figura 13: Sequência de configuração de IP estático (f)

Pacogtes adicionais

Para instalar pacote em linha de comando pode-se usar o zypper, a instalação do pacote tree pode ser efetuada com os comandos do Código 2 mostrados abaixo.

Código  2: Instalação de pacote com o zypper

zypper ref

zypper in tree

Como alternativa pode ser utilizado o YaST2 baseado na seguinte sequência de operações da Figura 14.

Figura 14: Instalação de pacote com o YaST2 (a)
Figura 14: Instalação de pacote com o YaST2 (a)
Figura 14: Instalação de pacote com o YaST2 (b)
Figura 14: Instalação de pacote com o YaST2 (b)

Ajustes no FS para trabalho em equipe

O comportamento padrão do sistema de arquivos (file system ou fs) pode não ser apropriado para o trabalho em equipes, situação que pode ser alterada com a edição do arquivo /etc/login.defs e com a reconfiguração de direitos de usuários concedendo direito de escrita a grupos.

Código  3: Comandos de configuração de UMASK e diretórios no file system (FS)

# vi etc/login.defs

Fazendo:

      UMASK       0002

e a seguir

# find /home -mindepth 2 | xargs chmod -R g+rw
# find /home -mindepth 2 -type d | xargs chmod -R g+rwxs

Conclusão

Agora com o sistema está instalado e operativo, e com um conjunto padrão de componentes da distribuição, pode ser configurado para aplicações específicas diversas.

Referências

openSUSE. OpenSUSE – Linux OS. A escolha dos criadores para administradores de sistemas, desenvolvedores e usuários. Disponível em <https://www.opensuse.org>, acesso em 28 de nov. de 2018

SUSE. Guia de Implantação – SUSE Linux Enterprise Server 15. Disponível em <https://www.suse.com/pt-br/documentation/sles-15/pdfdoc/book_sle_deployment/book_sle_deployment.pdf>, acesso em 29 de nov. de 2018

Rufus – Crie drives USB bootáveis facilmente. Disponível em <https://rufus.akeo.ie/>, acesso em 07 de out. de 2018

Wikipedia. i686. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/I686>, acesso em 8 de out. de 2018

Wikipedia. Medium. openSUSE. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/OpenSUSE>, acesso em 28 de nov. de 2018

Glossário

File System

File system ou sistema de arquivos é a forma de organização de dados em algum meio de armazenamento de dados em massa, frequentemente feito em discos magnéticos.

Particionamento

Uma partição é uma divisão do espaço de um disco rígido. Cada partição pode conter um sistema de arquivos (file system) diferente. Consequentemente, em cada partição pode ser instalado um Sistema Operacional sendo possível portanto a convivência de vários Sistemas Operacionais na mesma unidade de disco.

Notas

[1] GNU é um sistema operacional e uma extensa coleção de softwares de computador. O GNU é composto inteiramente de software livre, a maioria dos quais é licenciada sob a Licença Pública Geral (GPL) do Projeto GNU. O GNU é um acrônimo recursivo para “GNU Não é Unix!”.

[2] The Linux kernel is an open-source monolithic Unix-like computer operating system kernel

[3] Layout termo inglês significando neste contexto arranjo, distribuição das teclas no teclado.

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